Total de trabalhadores acidentados e doentes pode ser sete vezes maior do que o número divulgado pelo INSS

2 de maio de 2016

A Fundacentro produziu o estudo Acidentes de trabalho no Brasil em 2013: comparação entre dados selecionados da Pesquisa Nacional de Saúde do IBGE (PNS) e do Anuário Estatístico da Previdência Social (AEPS) do Ministério da Previdência Social e constatou uma grande discrepância. Enquanto que para a Previdência o País registrou 717.911 acidentes de trabalho em 2013, os dados do IBGE revelam 4,9 milhões de pessoas, com 18 anos ou mais, que teriam se envolvido em acidente de trabalho no Brasil.

A comparação mostrou que a PNS aponta números de quase 7 vezes os da Previdência. Segundo a Fundacentro, essa diferença se deve à já conhecida subnotificação do registro de acidentes, já que muitas empresas escondem os números reais, como também à baixa taxa de formalização do emprego.

Este tema voltou a ser debatido amplamente nesta quinta-feira, 28 de abril, “Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho”. Reunido em Belo Horizonte, o Coletivo Nacional de Saúde do Trabalhador da Contraf-CUT, tem discutido o assunto em suas reuniões, já que os números referentes ao adoecimento da categoria bancária estão defasados. Após mudanças de divulgação estabelecidas pelo INSS, a previdência não está mais soltando a pesquisa seguindo a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), mas somente por Classificação Internacional de Doenças(CID). O que dificulta a constatação do problema por ocupação.

A última estatística divulgada pelo INSS, entre janeiro e março do ano passado, revela que 4.423 bancários foram afastados do trabalho, sendo 25,3% por lesões por esforços repetitivos e distúrbios osteomusculares e 26,1% por doenças como depressão, estresse e síndrome do pânico. Mas os números são muito maiores.

Ambiente adoecedor

Bancários e bancárias convivem com um ambiente de trabalho adoecedor, desgastando a sua saúde física e mental ao longo de jornadas de trabalho extenuantes, sem pausas para descanso, com metas de produção inalcançáveis e cada vez mais crescentes, convivendo com riscos de assaltos e sequestros, tendo de dar conta de inúmeras tarefas.

“Não bastasse tudo isso, todos os dias os trabalhadores são submetidos à avaliação individual de desempenho, mecanismo utilizado largamente por todos os bancos para medir quem bate as metas impostas e quem deixou a desejar. Somente o resultado é considerado pelos bancos, ou seja, a meta deve ser alcançada de qualquer maneira. Não há espaço de diálogo nos locais de trabalho para discutir as dificuldades de se atingir a meta e o assédio moral é frequente nas relações de trabalho” destaca o secretário de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora da Contraf-CUT, Walcir Previtale.

Coletivo Nacional de Sáude

Na reunião do Coletivo Nacional de Saúde da Trabalhadora e do Trabalhador da Contraf-CUT, na Fetrafi-MG, nesta quarta-feira (27), em Belo Horizonte, os dirigentes sindicais decidiram as datas indicativas, de 18 e 19 de maio, para oficina em São Paulo, que irá analisar as demandas de saúde desta Campanha Nacional 2016.

Os representantes dos trabalhadores também discutiram as prioridades para a área da saúde dos trabalhadores no contexto atual; democratização das relações de trabalho no Brasil; fóruns tripartites que participamos com representação dos trabalhadores: como ficara daqui para frente?; processo negocial – mesa bipartite, assédio moral e cláusula 44ª e 57ª da CCT; também foi abordada a questão do banco digital e a recusa da Fenaban em estabelecer uma comissão bipartite para analisar os impactos na saúde quando da introdução de novas tecnologias no setor bancário e fizeram uma análise da conjunt ura atual.

Umas das grandes preocupações é que o avanço de forças conservadoras, com a tentativa de golpe, traga grandes retrocessos, como mudanças na Política Nacional de Saúde do Trabalhador (PNSST).

“São políticas que estabelecem um outro patamar no campo da saúde dos trabalhadores, um patamar melhor, claro, para a classe trabalhadora que não pode continuar morrendo, adoecendo, adquirindo sequelas permanentes, por conta de péssimas condições de trabalho, de empresários irresponsáveis que descumprem as normas mínimas de proteção à saúde dos trabalhadores”, destaca Walcir Previtale, que ainda alerta, “temos consciência da insuficiência dessas políticas, da vulnerabilidade dos trabalhadores diante da voracidade do capital, entretanto, o enfraquecimento das políticas públicas atuais só interessa aos bancos, ao setor patronal e não aos trabalhadores”, enfatiza o dirigente.

O Coletivo ressalta a importância da PNSST, entretanto, registra a necessidade de divulgação da política aos trabalhadores, aplicação nos ambientes de trabalho, fiscalização rigorosa nos bancos e garantia da participação dos trabalhadores.

FONTE: Contraf-CUT

FOTO: reprodução / Seeb BH

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