Mais renovado em duas décadas, novo Congresso terá perfil muito mais conservador

11 de outubro de 2018

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Com um total de 30 partidos representados, o novo Congresso Nacional é o mais fragmentado em décadas. A renovação reforçou a presença de partidos mais à direita na Câmara e no Senado. Dezenas de candidatos do até então nanico PSL, do presidenciável Jair Bolsonaro, tomaram o lugar de deputados do PSDB e MDB, alguns dos partidos que mais encolheram. Quem vencer a eleição presidencial, Bolsonaro ou Fernando Haddad (PT), terá um desafio maior que o imposto à ex-presidente Dilma Rousseff em 2014, quando, ao ser reeleita, precisou lidar com 25 partidos.

Além das agremiações ligadas a Bolsonaro, outros partidos de perfil de centro-direita, como o DEM e o PRB, também estão entre os que aumentaram de maneira significativa suas bancadas. Apenas o PDT, com perfil de centro-esquerda, aparece como exceção entre os que mais cresceram. Menos da metade dos deputados que tentaram a reeleição obtiveram sucesso. Somente o PRTB desapareceu por completo – em 2014, havia elegido um deputado federal.

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Entre os deputados novatos estão representantes da bancada da bala, ativistas conservadores, membros de forças de segurança e pastores evangélicos. O número de policiais eleitos chegou a 14. Em 2006, eram seis.

Em cinco estados, o PSL apareceu como a sigla do deputado federal mais votado. Em São Paulo, dos dez deputados federais que mais receberam votos, sete têm perfil conservador, entre eles estão um dos filhos de Bolsonaro e o líder do Movimento Brasil Livre (MBL).

A onda a favor de Bolsonaro (PSL) foi o principal fator impulsionador de mudanças na composição do Congresso Nacional. O partido do militar, até então um nanico, tornou-se o segundo maior da Câmara, pulando de apenas um deputado eleito em 2014 para 52.

O PT ainda segue com a maior bancada, apesar de ter perdido cadeiras. Na eleição passada, o partido elegeu 69. Neste ano foram 56.

Dança das cadeiras
Estreante na corrida eleitoral, o Partido Novo, registrado pelo Tribunal Superior Eleitoral em 2015, alcançou oito cadeiras, o que garante participação de seus candidatos majoritários em debates eleitorais nas próximas eleições, caso a legislação permaneça como está.

Tradicionalmente entre as maiores bancadas, MDB e PSDB perderam tamanho e tornaram-se legendas médias na Câmara. O MDB, partido do atual presidente Michel Temer, sofreu o maior revés. A sigla viu sumir quase metade do espaço que obteve em 2014, quando elegeu 65 deputados. Nos próximos quatro anos, contará com 34 parlamentares.

O PSDB, que elegeu apenas 30 deputados, caiu da posição de terceira maior bancada eleita em 2014 para a nona – culpa também da inexpressiva votação de seu presidenciável, Geraldo Alckmin. Na eleição passada, o tucano Aécio Neves disputou o segundo turno com Dilma Rousseff e perdeu por uma diferença
de cerca de 3,5 milhões de votos.

O bloco de partidos que forma o núcleo do chamado Centrão (porém ideologicamente um bloco de direita)  – PP, DEM, PR, PRB e Solidariedade – encolheu 22 parlamentares em relação à sua composição atual, mas alcançou uma ampliação de 13 parlamentares – o equivalente a 10% a mais – em comparação com a eleição de 2014.

Senado
No Senado, os novatos devem dominar a cena. Contrariando as pesquisas de intenção de votos, a eleição para renovação do mandato de 54 senadores, marcada pela Operação Lava-Jato, retirou da Casa medalhões dos partidos tradicionais que tentaram se reeleger, incluindo o próprio presidente do Congresso, Eunício Oliveira (MDB-CE).

O MDB continua com a maior bancada da Casa. Mas o partido, que iniciou a sessão legislativa em fevereiro de 2015 com 19 representantes (23,45% do total), deve começar 2019 com apenas 12 senadores (14,81%). Em seguida aparecem PSDB, com 8 senadores (9,87%); PSD, com 7 senadores (8,64%); DEM, com 6 senadores (7,40%); e PT, com 6 parlamentares (7,40%).

Das cinco maiores bancadas que devem começar a sessão legislativa de 2019, três perderam parlamentares em relação a 2015. O PT sofreu o maior revés devido a onda reacionária no Brasil: uma queda de 13 para 6 senadores (-53,84%). O DEM cresceu de 5 para 6 senadores (um aumento de 20%), enquanto a representação do PSD saltou de 4 para 7 (+75%).

Assim como aconteceu na Câmara, o resultado das urnas aponta para uma pulverização de partidos. A Casa começa a próxima sessão legislativa com 21 legendas. Em 2015, eram 15.

Diante desse cenário, os trabalhadores deverão estar mais atentos e organizados do que nunca na defesa de seus direitos, já que muitos desses parlamentares foram eleitos por partidos que sempre se posicionaram contrários aos direitos trabalhistas, que votaram a favor da terceirização, da PEC que congelou os investimentos em saúde, educação, que são a favor das privatizações, e da entrega do patrimônio público brasileiro aos estrangeiros.

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