A Caixa Econômica Federal é um banco público e está presente na vida de todo o povo brasileiro. Sua maior marca, desde que foi criada em 1861, é o compromisso com cada cidadão deste país, notadamente com o segmento mais pobre da população. Como principal parceira do governo federal, tem papel fundamental na política de inclusão social. Financia ações como moradia, saneamento básico (água e esgoto), obras públicas, educação e prestação de serviços, contribuindo assim para melhorar a vida das pessoas.
Essa situação, típica de um banco 100% público, tende a diminuir ou desaparecer caso ocorra o que os jornais “O Globo” e o “O Estado de S. Paulo” divulgaram nesta quinta-feira (26). Segundo as matérias, a equipe econômica do governo Temer estuda enquadrar a Caixa como Sociedade Anônima, a pretexto de atender uma vaga e distorcida lógica de mercado. A medida foi anunciada pela secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi, que admitiu que tudo seria feito por meio de uma revisão do Estatuto do banco ou por iniciativas de adesão da empresa ao programa de governança das estatais da Bolsa de Valores (a chamada B3).
Embora tenha sido negada a possibilidade de abertura de capital, a transformação do banco em S/A atinge em cheio o futuro da Caixa 100% pública. Trata-se, na verdade, do primeiro passo para o capital da empresa ser aberto e significa uma mudança radical em seu caráter público, inviabilizando sua missão como principal agente financeiro das políticas de Estado.
É bom lembrar que, na condição de secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi também preside o Conselho de Administração da Caixa e aparece como uma das mais ferrenhas defensoras da transformação em S/A. Comumente, quando uma empresa se torna Sociedade Anônima, existe disputa entre acionistas, cuja principal preocupação é com o lucro, não existindo compromisso com a população ou com a melhoria das demandas sociais.
Nessa perspectiva, a Fenae e outras entidades representativas lutam para que a Caixa permaneça como um banco 100% público, comprometido integralmente com a execução das políticas sociais de interesse da população brasileira, a exemplo do programa Minha Casa, Minha Vida e de ações na área de desenvolvimento urbano. Esse espírito está manifestado na campanha “Defenda a Caixa você também”, lançada em 3 de outubro, para reafirmar que o banco precisa continuar à frente do desenvolvimento econômico e social do Brasil.
“Se a Caixa deixar de ser 100% pública e se transformar em Sociedade Anônima, os danos serão irreparáveis para o país, a sociedade e os trabalhadores. Não podemos permitir mais esse retrocesso de profundo caráter histórico. É uma falácia essa história de que a abertura de capital não está em discussão no governo. Quem vira S/A é porque tem interesse, sim, em abrir capital”, sentencia Jair Pedro Ferreira, presidente da Fenae.
Rita Serrano, da Diretoria da Fenae e representantes dos empregados no CA da Caixa, rebate os argumentos de que a mudança visa melhorar regras de governança e diminuir as indicações políticas. “A Caixa cumpre regras extremamente rígidas. Ela presta contas para mais de 15 órgãos. Já com relação às indicações, é fácil. É só governo acatar a proposta do movimento dos trabalhadores de que as indicações sejam de empregados de carreira. Na próxima reunião, vou levar isso como proposta, para incluir no Estatuto do banco”, explica.
Jair Ferreira considera fundamental envolver os trabalhadores e a população na luta por uma Caixa 100% pública. “Estamos criando uma verdadeira força-tarefa para ampliar a mobilização em defesa da Caixa pública e de seus empregados. Como todo o povo brasileiro encontra muito do banco em sua própria vida, no cotidiano de sua comunidade e na história de nosso país, a maneira mais adequada de lutar por um país mais justo e solidário é a união de interesses e propósitos”, ressalta.
FONTE: Fenae
FOTO: reprodução / Agência Brasil