Banrisulenses definiram estratégias de mobilização em encontro no último final de semana; bancários de NH e Região estiveram representados.
A 24ª edição do Congresso Nacional dos Banrisulenses ocupou o último final de semana com grandes debates sobre conjuntura econômica e política. Durante o sábado e o domingo, 20 e 21 de agosto, 230 delegados credenciados definiram a estratégia de mobilização para a Campanha Salarial 2016.
Na mesa de abertura, integrada por dirigentes da Fetrafi-RS, SindBancários, Contraf/CUT, CUT/RS e Fetec Santa Catarina, a ênfase foi para a importância do despertar dos trabalhadores para o enfrentamento à retomada de ataques neoliberais. Perda de direitos e precarização do trabalho constituem o ápice da agenda imposta pelo governo interino, que assumiu o país de maneira ilegítima e desde então tem proclamado medidas arbitrárias, que apontam para o desmonte geral das estruturais estatais.
Na avaliação dos dirigentes sindicais, a Campanha Salarial dos Bancários também deve unir os trabalhadores do setor financeiro às demais categorias. O objetivo é potencializar a força das categorias organizadas pela manutenção de direitos, neutralizando os projetos em tramitação na Câmara e no Senado e constituem retrocessos trabalhistas.
“Nossa luta não será fácil, mas desejamos muita energia e unidade para enfrentar essa conjuntura totalmente adversa. A história mostra nossa capacidade enquanto categoria organizada de revolucionar”, destacou a diretora da Fetrafi-RS, Denise Corrêa.
Já o presidente do SindBancários, Everton Gimenis, é preciso muita discussão e reflexão para enfrentar o momento difícil. “Não estamos fora destes ataques, principalmente porque o governo federal golpista defende as privatizações e usa a crise para entregar o patrimônio público. Um dos itens do acordo sobre a dívida dos estados com a União viabiliza que sejam entregues ativos para abatimento. Sabemos que o Estado do Rio Grande do Sul é um dos mais endividados junto ao Governo Federal. Portanto, o Governo Estadual poderá voltar pra cima do Banrisul. Temos que ficar atentos nesta Campanha Salarial, não só para as nossas questões financeiras, mas também para defender o banco”, enfatizou Gimenis.
“Não podemos deixar de avaliar e balizar a nossa luta porque está em curso um golpe contra os trabalhadores e a soberania do País. Diante disso, nós temos que saber como conduzir o processo. Não vamos retroceder este ano. Nenhum direito a menos. Nós queremos respeito, queremos valorização e condições dignas de trabalho sem retrocessos. Esta é a nossa pauta. No entanto, temos que ter a capacidade de fazer esta campanha salarial, culminando com a campanha em defesa dos direitos ameaçados. Os banqueiros estão fazendo isso. Enquanto estão negociando conosco também estão fazendo lobby no Congresso nacional, articulando medidas contras os trabalhadores”, salientou Mauro Salles Machado, da Contraf/CUT.
Novo Hamburgo e Região
O Sindicato dos Bancários e Financiários de Novo Hamburgo e Região foi representado pelos diretores Andrades Diehl Filho, Everson Gross e Marcos Bugs, além do assessor jurídico da entidade, Milton Fagundes (foto 1). Além da participação nos debates, os sindicalistas trocaram informações com lideranças presentes, como Miguel Rosseto (foto 2) e Roberto Requião (foto 3).
Para Bugs, coordenador da Secretaria de Apoio aos Bancos Públicos, uma das principais lutas da categoria será no sentido de evitar as privatizações. “O Banrisul é público e dos gaúchos. Seremos intransigentes na defesa do banco como instrumento de desenvolvimento do Estado, contra a especulação financeira”, defende. “Da mesma forma, faremos a luta por uma Caixa e um Banco do Brasil públicos e contra a fusão ventilada nos últimos meses.”
Ataques aos trabalhadores
Para o dirigente da CUT/RS, Ademir Wiederkehr, o grande desafio dos participantes do Encontro dos Banrisulenses é estar junto ao conjunto da classe trabalhadora na resistência ao golpe. “A cada dia que passa, estamos vendo que este golpe é para tirar o direito dos trabalhadores, porque mais projetos são enviados ao Congresso Nacional e mais decretos são assinados pelo presidente golpista. Acho que o grande pacote de maldades virá depois das eleições municipais. O sindicalista também ressaltou a importância da classe trabalhadora brasileira voltar a utilizar a greve geral para atingir os setores golpistas. “O ataque visa acabar com tudo o que foi conquistado pelos trabalhadores ao longo da história e com a própria CLT. Se for aprovado o projeto do negociado sobre o legislado, qualquer direito terá que ser negociado, nada mais estará garantido. Se passar a terceirização, vamos nos tornar terceirizados como está acontecendo no México. A CUT está junto com os bancários e os banrisulenses nessa luta na defesa dos direitos e da nossa dignidade”, afirmou Ademir.
Construção da Pauta
“Estamos aqui para construir uma pauta que contemple os anseios dos colegas do Banrisul. O contexto é adverso, estamos vivendo uma realidade diferente dos anos anteriores e isso requer uma atenção especial. A categoria bancária tem mostrado unidade e o quanto isso representa uma força a nível nacional. Temos que ampliar esta unidade e ficar atentos, para a nossa campanha não fique restrita a este período de negociação. Diante dos ataques e da possibilidade de retirada de direitos, não basta termos uma campanha vitoriosa. Temos que continuar mobilizados ao longo de todo o ano’, analisou o representante da Fetec/Santa Catarina, Cleberson Pacheco Eichholz.
Defesa do Banco Público
As manifestações da mesa de abertura foram encerradas pelo diretor da Fetrafi-RS, Carlos Augusto Rocha. “Nós já tivemos outras situações difíceis, mas nunca uma conjuntura tão adversa quanto esta. Temos que atentar para três projetos em tramitação no Congresso e no Senado, que em caso de aprovação podem acabar conosco. O primeiro deles é o da terceirização das atividades fim, que se for aprovado acaba com o conceito de categoria. Não existirão mais bancários, metalúrgicos, professores, dando lugar a terceirizados. O segundo é o PL 268, que destrói a representação dos trabalhadores nos fundos de pensão. E o terceiro é o projeto 257, que trata da renegociação da dívida dos Estados. Uma das exigências desse projeto, é que ao assinar este acordo o Governo Estadual se compromete a transferir, a alienar com o Governo Federal todas as suas empresas estatais. Portanto, se o Governo do Estado do Rio Grande do Sul assinar este acordo, as empresas públicas – incluindo o Banrisul – serão entregues para privatização. Além de discutir a nossa pauta específica, precisamos desse ambiente para debater estratégias em defesa do Banrisul e demais estatais. É imperativo, aprofundar este debate. O que fará diferença nesta luta é a nossa mobilização e unidade. O Banrisul deve ser vanguarda nessa Campanha Salarial e se for preciso, teremos que puxar mais uma grande greve”, destacou o dirigente da Federação.
Números:: Total de delegados credenciados: 230 |
Com informações de Fetrafi-RS
FOTOS: Nicholas Aguirre-Fetrafi-RS / Bancários NH e Região