Os bancos fecharam 2.675 postos de trabalho no Brasil, nos cinco primeiros meses de 2018, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Desde janeiro de 2016, em apenas 4 meses os saldos foram positivos (janeiro de 2016, julho e novembro de 2017 e janeiro de 2018).
São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná foram os estados com maiores saldos negativos. Foram, ao todo, 11.283 admissões e 13.958 desligamentos no período. Somente em maio, os bancos fecharam 328 postos de trabalho pelo país
A análise por Setor de Atividade Econômica revela que os “Bancos múltiplos com carteira comercial”, categoria que engloba bancos como, Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e Banco do Brasil, foram responsáveis pelo fechamento de 1.557 postos nos cinco primeiros meses do ano. No caso da Caixa, devido em grande parte ao “Programa de Desligamento de Empregados”, lançado em 22 de fevereiro, o fechamento foi de 1.191 postos no período.
Motivos dos Desligamentos
Do total dos desligamentos ocorridos nos bancos, 53,4% foram sem justa causa. Os desligamentos a pedido do trabalhador representaram 38,8% do total. Nesse período foram registrados, ainda, 24 casos de demissão por acordo entre empregado e empregador. Essa modalidade de demissão foi criada com a aprovação da Lei 13.467/2017, em vigência desde novembro de 2017. Os empregados que saíram do emprego nessa modalidade apresentaram remuneração média de R$
Desigualdade entre homens e mulheres
As 5.474 mulheres admitidas nos bancos entre janeiro e maio de 2018 receberam, em média, R$ 3.398,39. Esse valor corresponde a 71,5% da remuneração média auferida pelos 5.809 homens contratados no período. No momento do desligamento observou-se, praticamente, a mesma diferença na remuneração entre homens e mulheres. As 6.878 mulheres que tiveram o vínculo de emprego rompido nos bancos no período recebiam R$ 5.636,42, o que representou 71,5% da remuneração média dos 7.080 homens desligados dos bancos, que foi de R$ 7.265,34.
Faixa Etária
Os desligamentos se concentraram nas faixas etárias superiores a 25 anos e, especialmente, na de 50 a 64 anos com fechamento de 3.521 postos no período. Os bancos continuam concentrando suas contratações nas faixas etárias até 29 anos, em especial entre 18 e 24 anos. Foram criadas 4.142 vagas para trabalhadores até 29 anos. Acima de 30 anos, todas as faixas apresentaram saldo negativo (ao todo, -6.817 postos).
Tempo no Emprego
Os bancos estão efetivamente trocando seus empregados que tem mais tempo de casa, os mais velhos, por jovens que têm mais familiaridade com os avanços da tecnologia. Deixaram de investir na formação das pessoas e preferem buscar no mercado quem já venha atualizado para o emprego. Ao mesmo tempo reduzem despesas, pois os mais velhos acumulam maiores salários, e se preparam para as profundas transformações que o sistema financeiro está vivendo.
Observa-se que o corte dos postos nos bancos se deu principalmente entre aqueles com maior tempo de casa, sendo compatível com o fato de serem os trabalhadores mais velhos. Entre os desligados, a maior parte, 34,2% tinha 10 ou mais anos no emprego. Outros 19,2% tinham entre 5 e 10 anos no emprego.
O movimento sindical não é contra a tecnologia, ao contrário, é contra os abusos e a exclusão que o mau uso da tecnologia pode trazer para os trabalhadores. Na Convenção Coletiva de Trabalho 2016/2018, a cláusula 62 cria um grupo de trabalho bipartite para discussão de critérios para a constituição de centros de requalificação e de realocação de empregados, com o objetivo proteger trabalhadores ameaçados pelas rápidas mudanças no mundo do trabalho.
Segundo Everson Gross, coordenador da Secretaria de Organização e Política Sindical, do Sindicato dos Bancários e Financiários de Novo Hamburgo e Região; “Os bancos continuam com seus recordes de lucros, mas continuam com sua prática desumana de demissões. Isso, além de prejudicar diretamente a categoria e seus trabalhadores, prejudica o Brasil, pois aumenta o nível de desemprego, que diga-se de passagem, está na casa dos quase 30 milhões de desempregados”. O dirigente sindical é enfático: “Ou seja: o projeto dos bancos visa única e exclusivamente aumentar o lucro dos banqueiros, se eximindo de qualquer responsabilidade com nosso país”, finaliza Everson.
Texto: Alex Glaser – Fonte: CAGED