Bancários discutem crise em seminário com Juremir Machado da Silva

6 de maio de 2016

“Mídia e sociedade em contexto de crise” é o título do evento que ocorre no dia 24 de maio, na sede do sindicato.

A atual conjuntura política e econômica no Brasil e no mundo é tema de debate no Sindicato dos Bancários e Financiários de Novo Hamburgo e Região (Rua João Antônio da Silveira, 885, Centro-NH). Em seminário aberto, a entidade recebe no dia 24 de maio, 18h30min, o jornalista, escritor e professor universitário Juremir Machado da Silva (foto).

“Mídia e sociedade em contexto de crise. Desafios e perspectivas para os trabalhadores” é o título do evento, que contará também com sessão de autógrafos da mais recente obra publicada pelo painelista principal: 1964, Golpe midiático-civil-militar (Sulina, 2014).

Joey de Farias, da direção dos Bancários, defende a importância de uma discussão aprofundada da realidade atual em meio às incertezas que cercam os últimos acontecimentos brasileiros e internacionais. “Vivemos uma época de informação em abundância, mas é preciso interpretá-las” argumenta. “A velocidade do dia a dia cada vez mas nos impõe uma dinâmica binária: bons ou maus; coxinhas ou petralhas.” Enquanto isso, o avanço das elites, alerta o sindicalista, pode redundar em perdas significativas para os trabalhadores.

A presença de Juremir Machado da Silva é saudada por Farias, ao avaliá-lo como um “importante intelectual, formador de opinião, que desvia do senso comum que costuma inundar a mídia hegemônica”. Ele revela que a atividade era projetada há meses, mas só agora, finalmente, e coincidindo com o auge da crise política e econômica nacional, acabou se viabilizando.

Também participa dos debates o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) no Rio Grande do Sul, Claudir Nespolo. O seminário é aberto a membros de outras categorias e à comunidade acadêmica da região e tem o apoio do Sindicato dos Sapateiros e do Sindicato dos Metalúrgicos, ambos de Novo Hamburgo.

Juremir Machado da Silva

Nascido em Santana do Livramento, RS, em 29 de janeiro de 1962, Juremir Machado da Silva é jornalista formado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), em 1984, e graduado também em História pela mesma instituição. Tem mestrado em Sociologia da Cultura pela Université Paris Descartes (1992), na França, e doutorado na mesma área, também pela mesma instituição, concluído em 1995.

Atualmente, é professor titular da PUC-RS, onde coordenou, de 2003 a 2014, o Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social. Tem experiência na área de Sociologia, com ênfase em Sociologia da Cultura, sociologia da mídia e sociologia do imaginário, atuando principalmente com temas como cultura, imaginário, mídia, comunicação, história e tecnologia.

No mercado jornalístico, atua nos últimos anos como colunista do jornal Correio do Povo e apresentador do programa de debates “Esfera Livre”, da Rádio Guaíba.

CARREIRA LITERÁRIA

É tradutor, romancista e cronista. Até 2013, publicou 30 livros, três deles traduzidos para o francês. Entre suas obras mais conhecidos estão “Anjos da perdidão, futuro e presente na cultura brasileira” (Sulina, 1996), “Getúlio” (Record, 2004), “História regional da infâmia – o destino dos negros farrapos e outras iniquidades brasileiras” (L&PM, 2010), “1930, águas da revolução” (Record, 2010), “Vozes da Legalidade, política e imaginário na era do rádio” (Sulina, 2011), “A sociedade ‘midíocre’, passagem ao hiperespetacular – o fim do direito autoral, do livro e da escrita” (Sulina, 2012) e “Jango, a vida e a morte no exílio” (L&PM, 2013).

Sessão de autógrafos

capa_livro

Ao final do seminário, Juremir Machado da Silva autografa a sua obra mais recente:  1964, Golpe midiático-civil-militar (Sulina, 2014) – que será vendida com preços diferenciados durante o evento.

SINOPSE

O golpe de 1964 completou 50 anos em 2014 e o inventário dessa tragédia que abalou o Brasil continua a ser feito. Não foi apenas um golpe militar. Nem somente um golpe civil-militar. É verdade que empresários, governadores e militares atuaram em sintonia. Tem faltado, porém, um elemento no banco dos réus: a mídia.

O golpe de 1964 foi midiático-civil-militar. O banco dos réus jamais foi formado. Militares, torturadores, golpistas de todos os naipes e mídia se autoanistiaram. É hora de exumar esses cadáveres guardados em nossos armários. Alguns ainda se exibem em vitrines na condição de paladinos da democracia. Os militares jamais mudaram de versão: teriam agido para salvar o país do comunismo e garantir a “verdadeira” democracia.

Os civis golpistas recorrem, quando saem de um mutismo estratégico, a argumentos semelhantes.

A mídia tem sido mais ardilosa: reescreveu a história e a própria história dando-se, aos poucos, um papel heroico de resistência. Houve jornalistas que apoiaram o golpe e resistiram à ditadura. Os grandes jornais, de maneira geral, apoiaram o golpe e a ditadura.

Este livro examina o melancólico e lamentável papel da imprensa no parto do regime autoritário implantado no Brasil em 1964. Grandes nomes do jornalismo e da literatura brasileiros cederam ao golpismo. Viram a chegada do caos nas reformas que tentavam arrancar o Brasil do atraso. A imprensa de 1964 atolou-se no mais rasteiro conservadorismo.

FOTO: Nilton Santolin/divulgação

 

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