O plebiscito popular é um dos instrumentos de maior valor dentro de qualquer democracia. Através dele, é possível dar voz ao povo, deixando que a vontade popular seja soberana nas decisões do Estado. Por isso, fica um questionamento: a quem interessa retirar o direito do povo de escolher? Uma resposta é óbvia: certamente, não interessa à população. Quando o assunto é a venda do patrimônio dos gaúchos, de empresas públicas que dão lucros de centenas de milhões de reais por ano, a dúvida fica ainda maior: A QUEM INTERESSA TIRAR A VOZ DO POVO?
A privatização sempre tem um objetivo claro: tirar o lucro do poder público e colocar nas mãos de ricos, tubarões do capital e amigos dos governantes eleitos. Não há interesse algum em gerir as empresas públicas de forma digna e respeitosa, afinal, elas são de interesse do povo, e não dão lucro para a nata burguesa da sociedade.
Por tudo isso, o Sindicato dos Bancários de Novo Hamburgo e Região entende como uma piada de péssimo gosto o projeto do governador Eduardo Leite, que será votado esta semana na Assembleia Legislativa, que desobriga a realização de uma consulta popular para a venda da Corsan, Banrisul e Procergs.
Qual é o seu medo, governador? Por que não deixar o povo se manifestar? Ou o senhor considera o povo (que o elegeu governador) burro demais para opinar? O povo quer ter vez e voz. Retirar a obrigatoriedade de um plebiscito é um ato covarde, de quem governa acuado e com medo de ouvir aqueles que lhe elegeram para tomar as melhores iniciativas e gerir o dinheiro do povo.
Não bastasse este projeto covarde, que foi aprovado em primeiro turno na tarde de ontem, dia 27 de abril, por deputados tão covardes quanto a administração estadual, o objetivo final é tão indigno quanto a proposta inicial: a venda da Corsan, Banrisul e Procergs.
Apenas no ano passado, a Corsan obteve R$ 400 milhões de lucro. Tudo isso investindo no saneamento básico dos gaúchos, oferecendo tarifas sociais para famílias de baixa renda, levando água e dignidade a 320 municípios gaúchos. O que dói para a burguesia é que esses R$ 400 milhões são “desperdiçados” com os pobres, pois poderiam estar sendo bem utilizados, com bons whiskies e champanhes nas festas burguesas. Mas não. Infelizmente este dinheiro está sendo utilizado para investir na qualidade de vida do cidadão gaúcho. Esse é exatamente o pensamento burguês e sem escrúpulos de quem vê com bons olhos a privatização de uma empresa superavitária.
O próximo alvo das privatizações é o Banrisul e seu lucro bilionário anual. O sexto maior banco brasileiro em agências bancárias é o único a atender pequenas cidades, onde os bancos privados acham que não vale a pena ter agência, pois o lucro é muito pequeno. O banco que vai aonde os privados não querem ir. Que atende as pessoas que os privados não querem atender. Ou, traduzindo: atende gente pobre demais para valer a pena ser atendido pelos bancos privados.
Ainda temos a pouco conhecida Procergs, a guardiã dos mais importantes bancos de dados do RS, incluindo os servidores públicos de todos os poderes e órgãos autônomos, da execução orçamentária do estado, dos fornecedores do Poder Público e dos processos da Justiça Estadual. A venda à iniciativa privada coloca em risco a segurança digital de todo poder público e população gaúcha.
Por isso tudo, perguntamos mais uma vez aos covardes, que tem medo de ouvir os gaúchos sobre o futuro do seu próprio patrimônio: A QUEM INTERESSA TIRAR A VOZ DO POVO?