Hoje, deveríamos comemorar o Dia da Consciência Negra. Uma data para enaltecer um povo, uma cultura e para homenagear heróis da luta pela igualdade. Mas quis o destino nos mostrar, um dia antes desta importante data, que ainda há muito pelo que se lutar. Ser negro ou negra no Brasil é uma luta diária. Por este motivo, o Sindicato dos Bancários de Novo Hamburgo e Região se solidariza com os familiares de João Alberto Silveira Freitas, homem negro brutalmente assassinado no hipermercado Carrefour no dia de ontem (19 de novembro).
Para grande parte da sociedade (a parte privilegiada, obviamente) não existe racismo no país das maravilhas chamado Brasil. Quando convém, questionam o motivo de a população negra precisar de um “Dia da Consciência Negra”. Ou o motivo de se comemorar a eleição de bancadas negras nos legislativos. Neste momento, e apenas neste momento, saem dos esgotos as falas como “somos todos iguais, porque destacar a cor da pele?”, “O que importa é competência, não a raça”, “Se eu falar bancada branca, aposto que seria acusado de racismo”. Ou, quando dizemos que Vidas Negras Importam, argumentam dizendo que todas vidas importam.
De fato, todas as vidas importam. Mas se uma casa, em uma vizinhança, estiver pegando fogo, os bombeiros jogariam água sob todas elas, porque “todas as casas importam”? Lutar a favor de quem sofre e contra quem se beneficia deste sofrimento parece uma luta desigual. E de fato é. Ainda mais quando as elites da sociedade conseguem manipular as massas, os trabalhadores, as populações pobres, fazendo-as acreditar que elas não devem lutar por igualdade, nem por justiça. Que tudo isso é “mimimi” e “coisa de esquerdista”. Ou quando as elites criam a narrativa de que não existem privilégios, racismo ou machismo, e a sociedade, reproduz estes pensamentos retrógrados, acreditando fielmente que esses são pensamentos seus, sem perceber que são manipulados para garantir que os poderosos continuem onde estão.
Enquanto isso, quem são a maioria das vítimas de assassinato no Brasil? Quem recebe os menores salários? Quem forma a maior parte da população carcerária? Todos sabemos a resposta para estas perguntas. Também sabemos os motivos dos negros não estarem nas universidades, nos lugares de destaque da sociedade, nos cargos de gerência. Será que sabemos?
Ainda existe uma grande parte da sociedade que se recusa a se colocar sob a pele do próximo. Principalmente quando esta pele é preta. Por isso, no Dia da Consciência Negra, dizemos: A LUTA CONTINUA. PELA IGUALDADE. PELA JUSTIÇA. POR CADA HOMEM E MULHER NEGRO.