A direção do Sindicato dos Bancários de Novo Hamburgo e Região se reuniu nesta semana para aprimorar seus conhecimentos. Dando segmento a uma série de capacitações, o Sindicato foi agraciado com um seminário apresentado pela Dra. Valdete Severo, Doutora em Direito do Trabalho e Juíza do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da Quarta Região, uma das principais referências do tema no país.
A relação história do Trabalho
Em sua explanação, a professora fez um resgate histórico, contextualizando economica e socialmente as relações de trabalho na humanidade, que nos trouxeram até o momento atual. A conclusão é de que tudo virou mercadoria: tudo se vende e se compra.
Para a professora, uma mercadoria em especial não deixou de existir e, pelo que parece, mesmo com toda tecnologia, irá persistir por muitíssimo tempo: somos nós, homens e mulheres que trocam suas capacidades física e mental em troca de salário, única mercadoria que agrega valor a outras mercadorias. Passamos por um liberalismo exacerbado, que tem por objetivo “passar a boiada” em tudo. Hoje o fascismo e o liberalismo são o método que o capital encontrou para super exploração do trabalho e dos recursos naturais, instrumentalizados por investimentos nos processo produtivos para potencializar os lucros.
Sindicato como força de resistência
Ao longo das décadas, a união dos trabalhadores, através dos movimentos sindicais, obteve importantes conquistas, através de muitas lutas e greves históricas. Direitos hoje concretizados, como 13º, férias remuneradas, limite de jornada de trabalho e hora-extra, pareceriam distantes há um século. Hoje, seria um absurdo imaginar um trabalhador sem estes direitos.
Em razão de tantas conquistas a favor dos trabalhadores, os sindicatos são o alvo prioritário do grande capital: mais dinheiro para os trabalhadores, menos dinheiro no bolso de quem controla o “mercado”. Neste sentido, os bilionários e multimilionários realizam constantes campanhas difamatórias contra as entidades sindicais, fazendo com que os próprios trabalhadores ataquem seus sindicatos. Ou seja: fazem com que os trabalhadores lutem para acabar com seus próprios direitos.
Neste sentido, o caminho do movimento social é diversificar sua atuação. Sair da atuação umbilical da categoria e ampliar a luta por um mundo melhor com outros setores e movimentos da sociedade. Concentração na luta dos bancários e bancárias aliado a ações de solidariedade com os trabalhadores, seja os formais ou os informais, com as lutas ambientais e as lutas sociais. Em suma, trabalho de formiguinha:
juntos e todos os dias.
O dirigente sindical Joey de Farias destacou a importância destas formações. “No último seminário, promovido pelo TRT4, foram abordadas as terceirizações, um tema que afeta imensamente a categoria bancária. Porém, o tema gerou muitas dúvidas, principalmente após a reforma trabalhista de 2017, que liberou sem critérios a terceirização e a precarização do trabalho. Assim, estamos nos aprimorando constantemente como dirigentes para que nossa atuação siga atenta às demandas atuais”, explicou Joey.
Para o sindicalista, o seminário deixou profundas reflexões. “Com o avanço da tecnologia, o esperado é que os trabalhadores trabalhassem menos. Porém, a ganância pelo aumento do lucro não fez com que tivéssemos mais direitos. Ao contrário: na medida que há avanços nos processos produtivos, há retrocessos humanísticos e de proteção social. Infelizmente a ciência e o conhecimento estão a mercê do capital. O PIB é mais importante que o IDH. Sem mencionar o esgotamento dos recursos naturais. Pode parecer que esse assuntos não tem conexão, mas a atualidade nos mostra que tudo está interligado”, ressaltou.