Atividade dedicada ao debate sobre conquistas e desafios das mulheres reuniu dirigentes sindicais em Novo Hamburgo na manhã desta quarta-feira, dia 22.
Isis Marques, da Secretaria de Mulheres da Central Única dos Trabalhadores (CUT/RS). Neusa de Azevedo, ex-delegada Regional do Trabalho. Rosane da Silva, ex-dirigente nacional da CUT. Mulheres que lutam. Ao lado de outras companheiras do movimento sindical e do médico e escritor Leandro Minozzo, elas foram as debatedoras do seminário de formação promovido na manhã desta quarta-feira, dia 22, pelo Sindicato dos Bancários e Financiários de Novo Hamburgo e Região.
O golpe midiático-civil-parlamentar sofrido pela presidente eleita Dilma Rousseff (PT) no ano passado e as Reformas da Previdência e Trabalhista propostas pelo governo ilegítimo de Michel Temer (PMDB) centralizaram as atenções. “As reformas tocam muito mais às mulheres, no campo e na cidade. O governo golpista ignora uma história de muita luta, que garantiu direitos na legislação brasileira”, denuncia Rosane da Silva (foto). “Só a resistência que temos visto se espalhar pelo Brasil pode barrar os retrocessos.”
Everson Gross, coordenador da Secretaria de Organização Política e Sindical dos Bancários de Novo Hamburgo e Região, abriu os trabalhos destacando conquistas históricas das trabalhadoras da categoria, como a licença-maternidade de seis meses – sob risco ante às reformas. “Estivemos na rua na semana passada contra os ataques do governo golpista e era perceptível a maioria de mulheres na luta”, destaca o sindicalista.
Mais de 30 pessoas ligadas aos Bancários e a outras categorias de trabalhadores da região participaram da atividade na sede do sindicato, no Centro de Novo Hamburgo. Logo após a exposição das debatedoras, a discussão se ampliou com a intervenções dos demais participantes.
Números
Segundo dados do Ministério do Trabalho, 70% das mulheres só se aposenta por idade, o que com a Reforma da Previdência passa a ocorrer apenas com 65 anos. E mais: também 70% das mulheres se aposenta com um salário mínimo mensal. Nos casos de pensão por morte, que garante a subsistência de muitas mulheres viúvas, a renda pode ser inferior ao mínimo, conforme a proposta do governo ilegítimo; meio salário mais 10%.
Atualmente, uma em cada quatro mulheres brasileiras são obesas, o que de acordo com Leandro Minozzo causa doenças de diferentes naturezas, como diabetes e depressão (mal que acomete o dobro de mulheres em relação aos homens). “As mulheres sofrem com pressão física, oriunda de jornadas de trabalho duplas, triplas, e ainda psicológica, fruto da cultura do machismo”, explica o médico.
“Nos bancos privados da nossa base, praticamente não se vê mulheres negras trabalhando, muito menos em altos postos”, denuncia Marilane de Souza, da direção dos Bancários de Novo Hamburgo e Região. Uma em cada seis mulheres negras no Brasil são empregadas domésticas, a maior parte sem vínculo formal de trabalho.
FOTOS: Felipe de Oliveira / Bancários de Novo Hamburgo e Região