Informalidade gira a economia de uma África do Sul

3 de dezembro de 2018

informal
O Brasil tem hoje o equivalente à economia da África do Sul girando na informalidade. Do pacote de bala vendido no farol de trânsito à consultoria prestada sem nota – atividades que viraram a tábua de salvação de milhões de desempregados para obter alguma renda –, essa economia paralela movimentou R$ 1,17 trilhão em 12 meses até julho deste ano.

Isso é o que revela o Índice de Economia Subterrânea (IES), calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) em parceria com o Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (Etco). Desde que o País mergulhou na recessão no segundo trimestre de 2014, a fatia da informalidade em relação à soma de toda a riqueza gerada formalmente no País, o Produto Interno Bruto (PIB), não parou de crescer.

E isso não se restringe ao Brasil: mais de 61% da população mundial que trabalha está na economia informal, segundo estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgado na segunda-feira (30), enfatizando que a transição para a economia formal é essencial para garantir proteção social e condições de trabalho decente.

No Brasil, a participação da informalidade equivale a 16,9% do PIB, quase um ponto porcentual a mais em relação a 2014 – ano em que o Brasil vinha de um período de forte crescimento e a economia informal estava em seu menor nível (16,1% do PIB).

Em quatro anos, a economia subterrânea aumentou o seu peso relativo no PIB em R$ 55 bilhões, calcula o economista Fernando de Holanda Barbosa Filho, pesquisador do Ibre/FGV e responsável pelo indicador. Ele explica que, num primeiro momento, a crise foi tão forte que derrubou tanto a economia formal quanto a informal. Mas, pelo fato de a economia informal ser mais flexível, ela reagiu mais rapidamente. “No ano passado, quando iniciamos a recuperação, o primeiro a retomar foi o emprego informal porque é a parte mais flexível e isso explica o aumento que tivemos na economia subterrânea”, diz.

No critério usado pela FGV, a economia subterrânea inclui a produção de bens e serviços não declarada ao governo para sonegar impostos e contribuições, a fim de reduzir custos. O índice é calculado a partir de dois grupos de indicadores. Um deles é a demanda da população por dinheiro vivo, que geralmente cresce quando a informalidade aumenta, porque essa é uma forma de burlar o fisco. O outro é o trabalho informal.

“Há um aumento da participação dos informais no mercado de trabalho, tanto em vagas como em renda, que coincide com o aumento da economia subterrânea”, observa o economista da LCA Consultores, Cosmo Donato. Com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad) do IBGE, ele destaca que em outubro de 2015 existiam 33,2 milhões de brasileiros na informalidade. Hoje são 36 milhões, 2,8 milhões a mais. No mesmo período, o número de trabalhadores formais caiu 1,8 milhão.

Edição: Alex Glaser – Fonte: Márcia De Chiara

Localização

Rua João Antônio da Silveira, 885, Centro, Novo Hamburgo

Revista ContraOrdem

EDIÇÃO 1
Junho 2021
Ver essa edição Ver edições antigas

Novidades pelo whatsapp

Inclua o número (51) 99245-5813 nos contatos do seu celular.

Parceiros:

Direitos reservados - Sindicato dos Bancários e Financiários de Novo Hamburgo e Região