Com base nos dados do balanço do primeiro semestre de 2017, divulgado pela Caixa Econômica Federal na terça-feira (26), o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) preparou dois documentos. Um sobre os resultados obtidos pelo banco no semestre e outro específico sobre os números dos Planos de Demissão Voluntárias (PDVs) lançados pelo banco nos últimos dois anos.
“São informações importantes que mostram que, com o governo Temer, a Caixa está mais preocupada em obter lucro do que garantir um atendimento de qualidade à população e condições de trabalho aos seus empregados. Em dois anos, houve uma redução de quase 12% no número de funcionários. Isso tem um impacto direto na sobrecarga de trabalho e no tempo de espera nas filas das agências”, disse Roberto von der Osten, presidente da Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).
Lucro do banco
A Caixa obteve um lucro líquido de R$ 4,1 bilhões no primeiro semestre de 2017, crescimento de 69,2% em relação ao mesmo período do ano passado. Com o resultado, a lucratividade (Retorno Sobre o Patrimônio Líquido – ROE) chegou a 9%. O crescimento do lucro nos últimos 12 meses foi influenciado principalmente pela elevação de 39,2% do resultado da intermediação financeira e de 12,5% nas receitas de prestação de serviços e rendas de tarifas bancárias.
De acordo com o Dieese, a queda da taxa Selic no período teve grande influência no aumento do lucro do banco, uma vez que, com a queda, houve a redução de 12,3% nas despesas com captação de recursos pela Caixa e de 3,3% das provisões para créditos de liquidação duvidosa (PDD), em função da queda da inadimplência.
As despesas de pessoal subiram 11,8% e atingiram R$ 11,7 bilhões, reflexo do Programa de Desligamento Voluntário Extraordinário (PDVE), realizado no 1º trimestre. A Caixa encerrou o primeiro semestre de 2017 com 90.201 empregados, uma redução de 5.486 postos de trabalho em relação a junho de 2016.
“O resultado financeiro e a importância social da Caixa reforçam que não se pode reduzir a quantidade de trabalhadores e de unidades. A presença em todo o país, atendendo a todos os brasileiros, é o grande diferencial da Caixa. Ela tem segurado a economia do país e poderia contribuir muito mais, se não estivesse sendo desmontada”, disse Dionísio Reis, coordenador da Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa).
Demissões voluntárias
Em dois anos a Caixa anunciou quatro Programas de Desligamentos Voluntários (PDVs). Desde então, a instituição apresenta seguidos saldos negativos de emprego, influenciando significativamente na queda do emprego bancário de todo o sistema financeiro do país.
De março de 2015 até agosto de 2017, foram fechados 11.726 postos de trabalho no banco, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), o que representa mais de 11,6% do total de funcionários que a Caixa tinha em dezembro de 2014, de acordo com o relatório de administração do banco referente ao 4º trimestre daquele ano.
Motivos dos desligamentos
Desde o lançamento do primeiro PDV, houve no total 13.070 desligamentos de empregados da Caixa. Deste total, 93% (12.153) foram a pedido do empregado e 5% decorrente de demissão por justa causa (646). Essa expressividade dos desligamentos a pedido é um indicador do efeito dos PDVs no resultado, tendo em vista que as adesões são feitas pelos próprios trabalhadores e, portanto, registradas como desligamento a pedido.
Tempo no emprego e faixa etária
Entre os 13.070 desligados, 88,1% (11.509) estavam no emprego há 10 anos ou mais, condizente com o perfil de funcionários indicado nos programas de desligamentos (pessoas aposentadas ou em vias de solicitar sua aposentadoria por tempo de serviço.
Os dados sobre a faixa etária dos empregados desligados na Caixa também são coerentes com esses resultados, uma vez que há uma concentração na faixa entre 50 a 64 anos, que responde pelo fechamento de 10.506 postos de trabalho. Os saldos são positivos (quando há mais contratações do que demissões) apenas para as faixas de idade até 29 anos, porém, concentrados na faixa entre 18 e 24 anos, faixa essa equivalente à de contratação de jovens aprendizes.
O Dieese preparou dois documentos sobre a Caixa, um específico sobre o balanço do segundo semestre de 2017 e um sobre o impacto dos PDVs no quadro de emprego da Caixa.
FONTE: Contraf-CUT
FOTO: reprodução / Contraf-CUT