Bancários novamente em risco de morte: Criminosos atacam banco em Novo Hamburgo

6 de julho de 2018

Ronaldo Bernardi

A Guarda Municipal de Novo Hamburgo trocou tiros na manhã desta sexta-feira (6) com criminosos durante uma tentativa de assalto a banco. O crime ocorreu na agência Santander da esquina da Avenida Pedro Adams Filho, no centro da cidade.

Segundo informações da Guarda Municipal, três assaltantes armados com pistolas e fuzil entraram pela porta dos fundos do banco poucos minutos após a abertura da agência. O grupo então rendeu funcionários e os clientes que já aguardavam atendimento e em seguida, recolheu o dinheiro dos caixas. Ao saírem pela porta da frente da agência, depararam com uma guarnição da Guarda Municipal e dispararam contra os agentes com o fuzil, a cerca de 100 metros do banco. Não houve feridos.

Os bandidos fugiram em um automóvel modelo Cruze,  reforçado com chapas de aço nas portas e no vidro traseiro. Durante a fuga, espalharam miguelitos no trajeto. O veículo foi abandonado e incendiado nos fundos do Hospital Geral de Novo Hamburgo. A Brigada Militar faz buscas pela região mas não encontrou nenhum suspeito.

Seis assaltos a bancos em 24 horas

Amparado pelo desmonte do aparato Estadual de Segurança Pública, implementado pelo governador Ivo Sartori, esse é o 6º assalto bancário no Rio Grande do Sul em menos de 24 horas, gerando risco para os trabalhadores bancários, gerando danos psicológicos.  Assaltos e sequestros, além da prática de “cordão humano”, traumatizam bancários e bancárias, que desenvolvem TEPT – Transtorno do Estresse Pós- traumático.

Segundo especialistas,  os grupos mais atingidos pelo TEPT são policiais, bombeiros e… bancários. A convivência com os assaltos, sequestros, violência e crueldade cada vez maiores dos ladrões os tornam grupo de risco para o transtorno.

O Transtorno do Estresse Pós-Traumáticos entre os funcionários de instituições financeiras foi, aliás, o tema da tese de Othon Vieira Neto, professor da Faculdade de Psicologia da FMU e um dos criadores do Foccus – Núcleo de Psicologia Aplicada, que atende a vítimas de violência. Foi em meados dos anos 90 que Vieira Neto teve sua atenção voltada para o transtorno. Funcionário do Banco do Brasil – onde trabalhou de 1977 a 2001 e de quem hoje é consultor para tratamento e prevenção do TEPT –, grande parte de seus pacientes na época eram colegas de agências assaltadas. O psicólogo espantava-se com seu sofrimento.

Percebeu então que os sintomas eram semelhantes aos de uma doença pouco conhecida identificada nos veteranos da Guerra do Vietnã e descrita pela primeira vez como Transtorno do Estresse Pós-Traumático pela Associação Psiquiátrica Americana, em 1980. Na fase mais crítica, o doente tem reações de alarme exageradas, pensamentos intrusivos, afeto instável, tendência a se isolar, estado de excitação crônica, distúrbios no sono e medo de “ficar louco”. Ansiedade e depressão freqüentemente levam a idéias de suicídio.

Como identificar

A Organização Mundial da Saúde (OMS) relaciona os seguintes sintomas para o diagnóstico do Transtorno do Estresse Pós-Traumático. Se você apresenta algum deles, consulte seu médico ou procure ajuda de um psicoterapeuta. O Sindicato dos Bancários e Financiários de Novo Hamburgo contam com plantão médico gratuito para associados.

Exposição a um evento traumático no qual:

• A pessoa vivenciou ou testemunhou evento que envolveu morte, ferimento grave ou ameaças físicas a si ou outros;

• A resposta da pessoa envolveu intenso medo, impotência ou horror; em crianças, isto pode ser expresso por um comportamento desorganizado ou agitado.

O evento é repetidamente revivido de uma das seguintes maneiras:

• Recordações aflitivas, recorrentes e intrusivas do evento; em crianças podem ocorrer jogos repetitivos com o trauma;

• Sonhos aflitivos e recorrentes com o evento; em crianças podem ser sonhos amedrontadores sem conteúdo identificável;

• Agir ou sentir como se o evento traumático estivesse ocorrendo novamente (inclui um sentimento de revivência da experiência, ilusões, alucinações e episódios de flash-backs dissociativos, inclusive aqueles que ocorrem ao despertar ou quando intoxicado);

• Sofrimento intenso quando da exposição a indícios que lembram o evento traumático;

• Reação fisiológica à exposição a indícios que lembram algum aspecto do evento.

• Esforço para evitar pensamentos, sentimentos ou conversas sobre o trauma;

• Esforço para evitar atividades, locais ou pessoas que lembrem o trauma;

• Incapacidade de recordar algum aspecto importante do trauma;

• Redução do interesse em atividades significativas;

• Sensação de distanciamento em relação a outras pessoas;

• Faixa de afeto restrita (por exemplo, incapacidade de sentir carinho);

Excitabilidade aumentada, indicada por dois ou mais dos quesitos:

• Dificuldade em conciliar ou manter o sono;

• Irritabilidade ou surtos de raiva;

• Dificuldade em concentrar-se;

• Hipervigilância;

• Resposta de sobressalto exagerada.

De acordo com a professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e psicóloga especializada em psicologia jurídica Elaine Costa Fernandes, o tratamento psicológico nesses casos é fundamental. “Para quem sofre um trauma, a psicologia não é um luxo, é necessidade. Não se pode ignorar o impacto da violência no psiquismo de cada um, que se apropria dessas situações de formas diferentes. O nível de vulnerabilidade é muito alto”, explicou.

Ainda segundo Elaine, atos cotidianos passam a ser grandes desafios na vida de quem sofre um trauma grande. “A pessoa se sente desprotegida e perde a confiança em muita coisa. Há casos em que doenças psicossomáticas podem surgir, como dores de barriga ou de cabeça, insônia e até mesmo o desenvolvimento de cânceres. O problema vira uma bola de neve”, finaliza.

Texto: Alex Glaser – Foto: Ronaldo Bernardi

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