Bancários e bancárias lotam auditório para a 20ª Conferência Estadual dos Bancários

21 de maio de 2018

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Mesmo com chuva e frio, bancários e bancárias não ligaram para a adversidade climática e lotaram o auditório da Fetrafi-RS, em Porto Alegre. Todos imbuídos de construir um caminho de luta e mobilização diante das dificuldades da Campanha Nacional deste ano, a primeira sob a égide da nova lei trabalhista, que prioriza a classe patronal e coloca direitos consagrados dos bancários em cheque. Diante deste cenário preocupante, os 38 sindicatos federados espalhados por todo o Rio Grande do Sul enviaram grandes delegações ao Encontro, numa clara manifestação de que vai haver muita disposição para lutar pelos direitos dos bancários. .

A Conferência foi aberta com uma mesa dos diretores da Fetrafi-RS saudando os colegas presentes e pedindo engajamento nos próximos meses, quando terá início a Campanha Nacional 2018. O diretor Juberlei Bacelo lembrou que todos os direitos conquistados pela categoria foram frutos da luta coletiva e não por bondade dos banqueiros. “É nela que temos que acreditar. É nela que temos que apostar como instrumento para não permitir que os bancos venham faturar mais ainda em cima da exploração da nossa mão-de-obra”, afirma.

Diversos temas foram abordados nos dois dias de encontro, além de estratégias de luta e resistência. Um dos temas foi a conjuntura política e econômica e o papel dos Bancos Públicos. Coube ao pesquisador e professor da UFRGS, Antônio Davi Cattani, abordar o assunto. Com vários estudos produzidos com enfoque na distribuição de renda no Brasil, ele fez duras críticas ao injusto sistema tributário brasileiro, que não cobra imposto dos “muito ricos”. Como exemplo, Cattani citou o lucro de R$ 27 bilhões do Bradesco em 2017, que não pagou nenhum centavo sobre lucros e dividendos. “Esses privilégios tributários que estão penalizando a população e aumentando a concentração de renda. Isso faz com que os multimilionários sejam os que menos contribuem para o crescimento do país”, argumenta.

O professor lembrou ainda que a sonegação das grandes empresas é responsável por mais de R$ 500 bilhões que deixam de entrar aos cofres públicos. Dívidas que, em muitos casos, acabam sendo perdoadas, como foi o caso do Banco Itaú, que teve R$ 25 bilhões perdoados em 2017, na operação de fusão com o banco Unibanco, o que gerou ganho de capital. Cattani compara que esse valor de dívida de apenas uma empresa é suficiente para beneficiar milhares de brasileiros com o Bolsa Família, por exemplo.

Segundo ele, a ganância dos bancos privados, que não tem fim, agora mira a privatização dos bancos públicos. O professor lembrou, inclusive, que essas privatizações já estão previstas nos planos de governo de alguns candidatos. Por fim, Antônio Cattani destacou que a vitória dos bancários, nas lutas por direitos e salários, representa a vitória de todo o conjunto de trabalhadores. “Uma derrota dos bancários esse ano vai desanimar outras categorias. Por isso, vocês são triplamente importantes para avanço nessa situação catastrófica que está no horizonte”, afirma.

Outro tema abordado foi sobre os reflexos da Reforma Trabalhista (Golpe na CLT) na negociação nacional dos bancários. O tema foi apresentado pelo assessor jurídico da CUT nacional, José Eymard Louguércio. Ele afirma as mudanças recentes nas leis trabalhistas “atrapalham as negociações e as relações sindicais”. Segundo o advogado, estas mudanças exigem, por parte dos trabalhadores, uma ação e compreensão que precisa ser diferente. “Hoje não temos uma legislação que expressamente garanta direitos”, alerta. Na avaliação de José Eymard, o ambiente da negociação coletiva deste ano é completamente diferente dos outros anos, tanto do ponto de vista econômico e político, quanto das questões postas nova legislação trabalhista.

O Sindicato dos Bancários e Financiários de Novo Hamburgo e Região participou com uma delegação composta por trabalhadores de diversas agências da região. Para o dirigente sindical Joey de Farias, um dos presentes, o encontro foi histórico: “Painéis qualificados e encontro massivo. O maior dos últimos tempos, o que significa que a categoria começa a entender a conjuntura difícil que passamos enquanto classe trabalhadora”.

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Rua João Antônio da Silveira, 885, Centro, Novo Hamburgo

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